terça-feira, 25 de março de 2014

Serafim sem Asas






Ouve-se a lamúria da mísera criança
Cortar os ares deste silêncio mudo,
Ressoar embalde por imensos infinitos,
Cruzar o mar feito bravo tufão,
Vibrar altivo por este mundo surdo,
A morrer errante no espaço sombrio,
Qual estrela sem vida nem brilho,
A esperar pela cor do remoto futuro.

Meu Deus! Como pode uma criança
Bradar tão forte e altívago nessa terra?
Se os homens só cogitam a guerra
E se esquecem de viver a esperança?

Em seu pensamento - a fé, no peito -
A dor, nas mãozinhas - a nova era.
E a mísera brada ao Senhor:
- Meu Deus! Eu sou escrava da miséria!

(...)


Trecho do poema Serafim sem Asas,
Extraído do livro O Silêncio das Revoluções
de autoria do escritor Alves Bezerra.

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